ALAIME - I CONGRESSO PEDAGÓGICO 53 ○ Identidade e Projeto ○ ○ ○ ○ apontamentos e notas para uma conferência ○ ○ ○ Identidad y Proyecto ○ ○ ○ ○ apuntes e notas para una conferencia ○ ○ ○ Identity and Project ○ ○ ○ ○ considerations and notes for a conference ○ ○ ○ ○ ○ Graciela Frigerio Doutora em Educaçãoo Université de Paris (França) Assessora da Secretaria de Educação do Governo da Cidade de Buenos Aires (Argentina), Presidente da Fundação Centro de Estudios Multidisciplinares (CEM) ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Unitermos: projeto educacional; identidade institucional; filiação social; filiação simbólica ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Uniterms: educational project; institutional identification; social membership; symbolic membership ○ The educational project and the dynamics of its concrete development are issues covered in this article. Institutional identity and the types of membership, be they symbolic, family or social, are part of the issue discussed. The text also deals with the purpose of the school experience in providing an opportunity to articulate what is of social significance to what is subjectively significant. ○ O projeto educativo e o dinamismo de seu desenvolvimento concreto são questões abordadas no presente artigo. A identidade institucional e os tipos de filiação, simbólica, sangüínea e social, fazem parte da temática em discussão. O texto também trata do sentido da experiência escolar em oferecer a possibilidade de que o socialmente significativo se articule com o subjetivamente significativo. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ “ Una ética de la transmisión... se inscribe en lo más profundo de nuestro ser y de nuestra subjetividad. Requiere que cada uno pueda ofrecer a las generaciones siguientes, no solamente una enseñanza, sino aquello que le permitirá asumir un compromiso en relación a su historia, es decir, a su manera de concebir su propia vida, su propia muerte”. Jacques Hassoun1. Queria começar agradecendo2 aos organizadores destas jornadas pelo convite para compartilhar reflexões em um espaço no qual são falados dos distintos registros de uma mesma língua; distintos idiomas e distintas linguagens de diferentes experiências. Cada discurso está marcado pela geografia de sua origem; pelas práticas nas instituições concretas e por esse mapa que é, para cada um de nós, o marco teórico com o qual nos identificamos e a partir do qual “lemos” as instituições educacionais nas quais passamos, por opção, boa parte de nossa vida. Hoje, nossa própria apresentação não estará livre do “sotaque” que denuncia o contexto no qual trabalhamos, as marcas do grupo de identidade3 com que compartilhamos as construções de um andaime teórico e as experiências do fazer educativo. Por isso não esperamos que concordem com o que proporemos, buscamos apenas compartilhar reflexões e pôr em comum, se houver, nossas diferenças. 1. Projeto educacional Enfatizamos esta polifonia do encontro porque ela remete conceitualmente, a partir de nossa perspectiva, a algo inerente a todo projeto educativo. Quisiera comenzar agradeciendo2 a los organizadores de estas jornadas su invitación a compartir reflexiones en un espacio en el que se hablan los distintos registros de una misma lengua; distintos idiomas y los distintos lenguajes de las diferentes experiencias. Cada “decir” está marcado por la geografía de su origen; por las prácticas en las instituciones reales y por ese mapa que es, para cada uno de nosotros, el marco teórico con el que nos identificamos y desde el cual “leemos” a las instituciones educativas en las que transcurre, por opción, buena parte de nuestra vida. Hoy, nuestra propia presentación no estará exceptuada del acento que da cuenta de las marcas del contexto en el que trabajamos, las huellas del grupo de pertenencia 3 con el que compartimos las çonstrucciones de un andamiaje teórico y las experiencias del hacer educativo. Por eso no solicitamos el acuerdo con lo que plantearemos, buscamos compartir reflexiones y poner en común, si las hubiera, nuestras diferencias. 1. Proyecto Educativo Remarcamos esta polifonía del encuentro porque ella remite conceptualmente, desde nuestra perspectiva, a algo inherente a todo proyecto educativo. O marco teórico com o qual nos identificamos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 54 “ Uma ética da transmissão... inscreve-se no mais profundo de nosso ser e de nossa subjetividade. Requer que cada um possa oferecer às gerações seguintes, não somente um ensino (a transferência de conhecimentos, mas aquilo que lhes permitirá assumir um compromisso em relação à sua história, ou seja, a sua forma de conceber sua própria vida, sua própria morte” Jacques Hassoun1. Esta polifonia remete conceitualmente a algo inerente a todo projeto educativo 55 ○ ○ ○ ○ ○ ○ Dialeto institucional ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A estrangeirice tem seu valor agregado, que é o da pergunta frente ao óbvio ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Um diálogo sem prepotência entre múltiplas experiências e andaimes conceituais ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ En todo proyecto conviven, se articulan, se tensan, se desencuentran o se condensan, voces que expresan el registro de: a) un universo simbólico, también presente en forma de leyes, normas y reglamentos, b) el imaginario institucional que toma forma de mandatos, historias, ritos, mitos y se expresan en una suerte de “dialecto institucional” sólo compartido y de manera no siempre igualitaria, por sus miembros, c) las lógicas de los actores (verdaderas enciclopedias de sentidos) con distintas racionalidades, que traducen las macro y micro políticas, d) las extranjerías imprescindibles al escenario educativo que se presentan a través de las lenguas propias de cada campo disciplinar, la voz de la comunidad encarnada en los padres y en la opinión de la sociedad expresada como demanda, expectativa y esperanza. La extranjeridad tiene un valor agregado, que es el de la pregunta frente a lo obvio. Un extranjero es el que se planta frente a nuestra cotidianeidad y nos hace interrogar sobre las cosas sobre las que habíamos dejado de sorprendernos, reinstalando una reflexión. No hay un trabajo de construcción del saber sin un trabajo de aproximación y de diálogo con este extranjero, con esta extranjeridad propia al campo del conocimiento. Esta complejidad que no admite reduccionismos ni simplificaciones, no se deja capturar en una receta, ni en un saber cristalizado. El trabajo de aprender y aprehenderla conlleva una deconstrucción4 y un diálogo entre experiencias y saberes. Un diálogo sin prepotencia entre múltiples experiencias y andamiajes conceptuales es, desde nuestra perspectiva, algo que hay que reinstalar, una ○ Em todo projeto convivem, se articulam, se tensionam, se desencontram ou se condensam, vozes que expressam o registro de: a) um universo simbólico, também presente em forma de leis, normas e regulamentos, b) o imaginário institucional que toma forma de mandatos, histórias, ritos, mitos e se expressam num tipo de “dialeto institucional” somente compartilhado e de maneira não sempre igualitária, por seus membros, c) as lógicas dos atores (verdadeiras enciclopédias de sentidos) com distintas racionalidades, que traduzem as macro e micro políticas, d) os estrangeirismos imprescindíveis ao cenário educativo que se apresentam através das línguas próprias de cada campo disciplinar, a voz da comunidade encarnada nos pais e na opinião da sociedade expressada como demanda, expectativa e esperança. A estrangeirice tem seu valor agregado, que é o da pergunta frente ao óbvio. Um estrangeiro é aquele que se coloca frente a nossa cotidianidade e nos faz perguntas sobre coisas que já tinham deixado de nos surpreender, reinstalando uma reflexão. Não há um trabalho de construção do saber, mas sim um trabalho de aproximação e de diálogo com este estrangeiro, com esta estrangeirice própria ao campo do conhecimento. Esta complexidade sem prepotência não admite reducionismos nem simplificações, não se deixa capturar numa receita, nem num saber cristalizado. O trabalho de aprender e apreender leva a uma desconstrução4 e a um diálogo entre experiências e saberes. Um diálogo sem prepotência entre múltiplas experiências e estruturas ○ A noção de projeto e do dinamismo de seu desenvolvimento concreto terminam perdendo, nas instituições, sua vitalidade potencial ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 56 A necessidade de construir um saber entre todos conceituais é, a partir de nossa perspectiva, algo que precisa ser retomado, uma prática que na região tem sido dificultada nestes últimos anos por um modelo, que como se fosse de receituário, tenta impor sua hegemonia. Fazemos menção a esta situação regional, por considerarmos necessário evitar que a noção de projeto fique presa ao avanço de uma tentação tecnocrática ou pelo desdobramento de uma tentação demagógica. Tanto na concepção tecnocrática como na demagógica, a noção de projeto e do dinamismo de seu desenvolvimento concreto terminam perdendo, nas instituições, sua vitalidade potencial, para tornar-se sinônimo de fórmula. Com a sua burocratização, o projeto deixa de ser portador de futuro para tornar-se oportunismo administrativo ou pedagógico Para compartilhar nossa posição sintetizaremos alguns aspectos: Os projetos jamais são neutros, dão conta e se sustentam numa posição ética, por isso não podem, em nenhum caso, reduzir-se a uma questão técnica5. Para poder projetar é necessário construir e contar com um saber sobre a instituição educacional, um “saber com pleno conhecimento”6. Insistimos nesta necessidade de construir um saber entre todos, uma vez que consideramos que justamente as políticas às quais fazíamos referência têm contribuído para criar uma divisão entre “os que sabem”, lugar defendido e reservado para os “experts”, e àqueles aos quais são atribuídos, apenas, o lugar de meros executores. Não acreditamos nesta diferença. Pensamos que todos aqueles que trabalham numa instituição educativa constróem cotidianamente um saber sobre essa instituição e esse saber precisa ser reconhecido e ocupar seu lugar no projeto. práctica que en la región se ha visto obstaculizada en estos últimos años por un modelo, que a modo de recetario, ha intentado imponer su hegemonía. Hacemos mención a esta situación regional, porque consideramos que es necesario evitar que la noción de proyecto quede atrapada por el avance de una tentación tecnocrática o, por el despliegue de una tentación demagógica. Tanto en la concepción tecnocrática como la demagógica, la noción de proyecto y el dinamismo de su deserrollo concreto terminan perdiendo, en las instituciones, su vitalidad potencial, para volverse sinónimo de formato. Burocratizándose, el proyecto deja de ser portador de futuro para volverse oportunismo administrativo o pedagógiço. Para compartir nuestra posición sintetizaremos algunos aspectos: Los proyectos jamás son neutros, dan cuenta y se sostienen en una posición ética, por ello no pueden, en ningún caso, reducirse a una cuestión técnica5. Para poder proyectar es necesario construir y contar con un saber sobre la institución educativa, un “saber a sabiendas”6. Insistimos en esta necesidad de construir un saber entre todos ya que consideramos que justamente, las políticas a las que hacíamos referencia han contribuido a crear una división entre “los que saben”, lugar adjudicado y reservado a los “expertos”, y aquellos a los que se les atribuye, una vez más, el lugar de meros ejecutores. No creemos en esta distinción, pensamos que todo el que trabaja en una institución educativa construye cotidianamente un saber sobre esa institución y ese saber tiene que recuperar reconocimiento y lugar en el proyecto. 57 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ O projeto é sempre uma matriz do aprendizado institucional ○ ○ Por proyecto institucional entendemos entonces, la actividad colectiva de construcción simultánea de: a) un marco teórico para la produción de un saber sobre la institución y para los haceres institucionales; b) un análisis de la institución, sobre sus dimensiones; sus vínculos con el sistema, con otras instituciones, los vínculos pedagógicos, objetos y sentidos; (en ese saber no está ausente la historia, los tiempos, los lugares, el lugar del conocimiento, las expectativas y los logros, tampoco está ausente aquello que aún está pendiente); c) una política institucional d) las maneras en que se producen y redefinen los puntos anteriores entre distintos y múltiples actores; e) una decisión de prioridades en distintos tiempos; f) un plan de trabajo con responsabilidades asignadas y compartidas; g) los criterios con los que analizaremos lo hecho y por hacer (este aspecto, vinculado a la evaluación, no se reduce a una medición) En esta construcción intervienen los proyectos sociales, el sentido que en ellos se atribuye a la institución educativa, los múltiples modos en los que cada institución interpreta y traduce a ambos, dándole rasgos de identidad propios. Desde esta perspectiva el proyecto es siempre una matriz de aprendizaje institucional, en la que cohabitan y dialogan representaciones del mundo, de la sociedad, de la cultura, de la historia, de los sujetos, de los conocimientos, de los vínculos, del futuro; la representación simbólica de la propia cultura escolar y, un contenido que excede lo curricular. Así presentado el proyecto es un diseño que se expresa necesariamente en acuerdos de trabajo, en “reglas ○ Assim, entendemos que o projeto institucional deve ser uma atividade como a atividade coletiva da construção simultânea de: a) um marco teórico para a produção de um saber sobre a instituição e para os fazeres institucionais; b) uma análise da instituição sobre suas dimensões; seus vínculos com o sistema, com outras instituições, os vínculos pedagógicos, objetos e sentidos; (nesse saber não está ausente a história, os tempos, os lugares, o lugar do conhecimento, as expectativas e as conquistas, tampouco está ausente aquilo que ainda está pendente); c) uma política institucional; d) as maneiras em que se produzem e redefinem os pontos anteriores entre diferentes e diversos atores; e) uma decisão de prioridades em diferentes momentos; f) um plano de trabalho com responsabilidades designadas e compartilhadas; g) os critérios com os quais analisaremos o feito e o por fazer (este aspecto, vinculado à evolução, não se reduz a uma medição). Nesta construção intervêm os projetos sociais, o sentido que neles se atribui à instituição educativa, os múltiplos modos nos quais cada instituição interpreta e traduz ambos, dando-lhes traços de identidade próprios. Partindo desta perspectiva o projeto é sempre uma matriz do aprendizado institucional, na qual convivem e dialogam representações do mundo, da sociedade, da cultura, da história, dos sujeitos, dos conhecimentos, dos vínculos, do futuro; a representação simbólica da própria cultura escolar e um conteúdo que excede o curricular. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 58 O tratamento institucional do enigma subjetivo é seu objeto, assim como o tecido do laço social é sua meta Assim apresentado, o projeto é um desenho que se expressa necessariamente em acordos de trabalho, em “regras de jogo” (que não escondem a explicitação de seu sentido), em “contratos”7 que envolvem atores e destinatários; uma mobilização ao redor de certas prioridades; uma estratégia para melhorar a qualidade do diaa-dia; uma forma de expressar a vontade coletiva. Vinculamos a noção de projeto com a de polifonia mencionada no início para sustentar que: Os projetos dão a cada instituição a ocasião oportuna de instituir a polifonia, o espaço do plural, lugar e tempo de múltiplas vozes, no qual a questão da diferença se traça como a oportunidade de uma partilha. 2. Educação: Componente da Construção Social Talvez seja importante nos determos para explicitar o que entendemos por educação e por instituição educacional, sedes da problemática da identidade e territórios específicos dos projetos. Definimos a educação como uma peça chave na montagem jurídica de filiação simbólica que toda sociedade precisa para ser, para existir, para conviver8. Falar em educação é então, a partir de nossa perspectiva, referir-se à maneira particular na qual a sociedade se institucionaliza9. A educação é, desde os tempos remotos, um componente insubstituível da construção social e uma coprodutora de subjetividade. O tratamento institucional do enigma subjetivo é seu objeto, assim como o tecido do laço social é sua meta. Ambas as questões caminham de maneiras distintas, abordando conhecimentos disciplinares, distribuindo capital cultural, socializando e associando distintos saberes (saberes para viver, saberes para pensar, saberes para tra- de juego” (que no omiten la explicitación de su sentido), “contratos”7 que involucran a actores y destinatarios; una movilización alrededor de ciertas prioridades; una estrategia para mejorar la calidad de lo cotidiano; una manera de expresar la voluntad colectiva. Vinculamos la noción de proyecto con la de polifonía mencionada al principio para sostener que: Los proyectos dan a cada institución la ocasión explícita de instituir lo polifónico, el espacio de lo plural, lugar y tiempo de múltiples voces, en el cual la cuestión de la diferencia se plantee como la oportunidad de una puesta en común. 2. Educación: Componente de la Construcción Social Tal vez sería importante detenerse para explicitar que entendemos por educación y por institución educativa, sedes de la problemática de la identidad y territorios específicos de los proyectos. Definimos a la educación como una pieza clave en el montaje jurídico de filiación simbólica que toda sociedad necesita para ser, para existir, para convivir8. Decir educación, es entonces, desde nuestra perspectiva, referirse a la manera particular en que la sociedad se institucionaliza9. La educación es, desde tiempos inmemoriales un componente insoslayable de la construcción social y una co-productora de subjetividad. El tratamiento institucional del enigma subjetivo es su objeto, así como el tejido del lazo social es su meta. Tramita ambas cuestiones de modos diversos, abordando conocimientos disciplinares, distribuyendo capital cultural, socializando y asociando distintos saberes (saberes para vivir, saberes para pensar, saberes para trabajar, saberes para crear), diseñando formas organizacionales, in- 59 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A educação excede ao escolar para dar conta dos efeitos que as instituições produzem ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ O espaço público encontra nesta inscrição escolar o início do aprendizado da cidadania ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 Educar é uma tarefa chave ○ ○ corporando actores, recordando mitos, instituyendo ritos, ofreciendo inscripciones, tejiendo vínculos (con lo desconocido, con el conocimiento, con los otros, con el mundo). Entendemos que si bien lo escolar es el territorio específico de la educación, la educación excede a lo escolar para dar cuenta de los efectos que las instituciones producen tanto en el terreno más amplio de lo público y social, como en el espacio más íntimo y privado de la subjetividad, del aparato psíquico, del alma del sujeto. Cuando se inscribe a un niño en una escuela hay que saber que no solo se lo anota en una institución, se le propone una inscripción en el campo y cuerpo social, se le propone iniciar la elaboración de una filiación simbólica que agrega a la filiación familiar la incorporación a lo social. El espacio público encuentra en esta inscripción escolar el inicio del aprendizaje de la ciudadanía que nos solicita y alberga a todos. Lo común, más allá del ámbito privado y familiar, encuentra en lo educativo una de sus manifestaciones institucionalizadas. Si coincidimos en que educar es una tarea clave, compartiremos que en nuestros tiempos se nos vuelve a plantear como sociedad la imperiosa necesidad de educar y en tanto adultos tenemos la ineludible responsabilidad de educar. Por todo eso, trabajar en educación, pensarla, comprenderla, hacer sus instituciones, diseñar sus proyectos, es una actividad apasionante y una de las pasiones políticas de las democracias. “Los clínicos de las pasiones políticas” como los define P. Ansart10 señalan que “...la historia parece tejer la misma trama fundamental de amor y odio, concordia y furor, bajo rostros in- ○ balhar, saberes para criar), projetando formas organizacionais, incorporando atores, relembrando mitos, instituindo ritos, oferecendo inscrições, tecendo vínculos (com o desconhecido, com o conhecimento, com os outros, com o mundo). Entendemos que, embora a escola seja o território específico da educação, a educação excede ao universo escolar para dar conta dos efeitos que as instituições produzem, tanto no terreno mais amplo do público e social, como no espaço mais íntimo e privado da subjetividade, do aparato psíquico, da alma do ser humano. Quando uma criança é matriculada em uma escola é importante saber que ela não só está inscrita em uma instituição, como também, em um campo e corpo social. É proposta a ela a iniciação a uma elaboração e filiação simbólica que se soma à filiação familiar e à incorporação ao social. O espaço público encontra nesta inscrição escolar o início do aprendizado da cidadania que nos solicita e abriga a todos. O comum, além do âmbito privado e familiar, encontra no educativo uma de suas manifestações institucionalizadas. Se entendemos que educar é uma tarefa chave, temos que concordar que nos dias de hoje, no contexto de nossa sociedade, surge uma imperiosa necessidade de educar, assim como nós, adultos, temos a incontestável responsabilidade de educar. Por tudo isso, trabalhar em educação, pensá-la, compreendê-la, fazer suas instituições, desenhar seus projetos, é uma atividade apaixonante e uma das paixões políticas das democracias. “Os clínicos das paixões políticas”, como define P. Ansart10, apontam que “... a história parece tecer a mesma trama fundamental de amor e ódio, con- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 60 A instituição educacional no seu sentido mais amplo encontra seu sentido no imperativo constante: transmitir córdia e furor, baixo rostos infinitamente renovados”. A educação e suas instituições têm produzido e solicitado concórdias e conflitos. Associadas à produção de igualdade, questionadas as vezes por distribuir sem eqüidade e por reproduzir, pela qualificação escolar, posições socialmente diferenciadas, vinculadas à emancipação; denunciadas de elitismo e exclusão; sempre questionadas acerca de sua utilidade, depositárias da esperança de amanhãs maiores; sempre presentes nos discursos das políticas; sempre tencionadas entre passado e futuro, entre o velho e o novo; em cada projeto voltam a ser colocadas perguntas importantes acerca do sentido da educação e de suas instituições. Em seu cotidiano, em cada instituição e em cada classe, se constrói a coerência entre discursos e práticas, ou se significam os abismos entre ambos. A instituição educacional no seu sentido mais amplo encontra sua razão de ser no imperativo constante, próprio das sociedades humanas: transmitir. Adesão e pertencimento são os frutos da transmissão, seu resultante ou laço social. Isto não significa considerar a transmissão a partir da ótica da clonagem, nem do eterno retorno, nem de uma simples passagem voltada a assegurar a reprodução do idêntico. Pelo contrário, transmitir supõe sempre tramitar uma herança, isto é dar ao outro a palavra, ensinar os sinais, para que ou outro, e cada um, signifique, elabore, modifique, e construa seu próprio caminho. Poderíamos dizer que a instituição educacional é o lugar socialmente significativo para garantir a todos o aceso à palavra. Obviamente trata-se de algo que vai muito além do ensino da lecto-escritura, mas que também a inclui. finitamente renovados”. La educación y sus instituciones han producido y solicitado concordias y furores. Asociadas a la producción de igualdad, sospechadas a veces de distribuir sin equidad y de reproducir, por calificación escolar, posiciones socialmente diferenciadas, vinculadas a la emancipación; denunciadas de elitismo y exclusión; cuestionadas acerca de su utilidad, depositarias de la esperanza de mañanas mayores; siempre presentes en los discursos de las políticas, siempre tensionadas entre pasado y futuro, entre lo viejo y lo nuevo; en cada proyecto la educación y sus instituciones vuelven a plantearse las preguntas importantes acerca de su sentido. En cada cotidianeidad, en cada institución y en cada aula, se construye la coherencia entre discursos y prácticas, o se significan los abismos entre ambos. La institución educativa en su sentido más amplio encuentra su sentido en el imperativo constante propio a las sociedades humanas: transmitir. Adhesión y pertenencia son los efectos de la transmisión, su resultante el lazo social. Esto no significa considerar a la transmisión desde la óptica del clonaje, ni del eterno retorno, ni de un simple pasaje tendiente a asegurar la reproducción de lo idéntico, por el contrario transmitir supone siempre tramitar una herencia, esto es dar al otro la palabra, enseñar los signos, para que el otro, cada otro, signifique, resignifique, elabore, modifique, y construya su propio camino. Podríamos decir, que la institución educativa es el lugar socialmente significado para garantizar, a todos, el acceso a la palabra. Obviamente se trata de algo que va mucho más allá de la enseñanza de la lecto-escritura, pero que también la incluye. 61 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Cada escola terá que desenvolver sua arte ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 A imagem expressa a complexidade de uma instituição que trabalha na internalização do social ○ ○ La especificidad de las escuelas reside en que son el lugar socialmente significado por un mandato que se vuelve su sentido: provocar rupturas epistemológicas, conflictos socio-cognitivos. Ambos sentidos son “tramitables”. Cada proyecto busca y encuentra modos de elaborarlos, darles cuerpo y modos concretos de trabajarlos. A su vez, en el encuentro cotidiano, cada escuela tendrá que desplegar su arte para que al sentido social de la escuela cada alumno encuentre y agregue el sentido personal de su pertenencia a la misma. La experiencia escolar tendrá sentido si ofrece la posibilidad de que lo socialmente significativo se articule con lo subjetivamente significativo. 3. Identidad de nuestras instituciones Decir educación, es hacer mención al destino de los sujetos y el futuro de la sociedad. Queda claro que esto excede en mucho a cualquier concepción que plantee lo educativo reduciéndolo a cuestiones de estructuras (formales o informales) o en términos de contenidos contemplados en las prescripciones curriculares. Esto no significa que estructuras y contenidos no tengan su importancia, lo que queremos destacar es que las instituciones educativas pueden metaforizarse como una cinta de Moebius. Se trata, de un lazo particular que al volverse sobre sí permite que lo que es externo se vuelva interno, y lo que es interno se vuelva en exterioridad. La imagen expresa la complejidad de una institución que trabaja en la internalización de lo social, marcando la subjetividad, (o cómo el alma del sujeto está marcada par un universo objetivable) pero que a su vez también está concernida por la manera en que la subjetividad deja sus huellas en el andamiaje social11. Queda así aludida la sublimación como actividad privilegiada del escenario educativo. ○ A especificidade das escolas reside em ser o lugar socialmente significado por um mandado que volta a seu sentido: provocar rupturas epistemológicas, conflitos sócio-cognitivos. Ambos os sentidos são “tramitáveis”. Cada projeto procura e encontra modos de elaborá-los, dar-lhes corpo e modos concretos de trabalhar-lhes. Por sua vez, no encontro cotidiano, cada escola terá que desenvolver sua arte para que ao sentido social da escola cada aluno encontre e acrescente o sentido pessoal de seu pertencimento a ela. A experiência escolar terá sentido se oferecer a possibilidade de que o socialmente significativo se articule com o subjetivamente significativo. 3. Identidade das nossas Instituições Falar em educação é fazer menção ao destino dos sujeitos e ao futuro da sociedade. Fica claro que isto excede, em muito, a qualquer concepção que trace o educativo reduzindo-o a questões de estruturas (formais e informais) ou em termos de conteúdos contemplados nas prescrições curriculares. Isto não significa que estruturas e conteúdos não tenham sua importância, ou que queremos destacar que as instituições educativas podem metaforizar-se como uma fita de Moebius. Trata-se de um laço particular que, ao voltar-se para si, permite que o que é externo se torne interno, e o que é interno se faça em exterioridade. A imagem expressa a complexidade de uma instituição que trabalha na internalização do social, marcando a subjetividade, (como a alma do sujeito está marcada por um universo objetivável) mas que por sua vez também está concernida pela maneira pela qual a subjetividade deixa marcas no andaime social11. Fica assim aludida a sublimação como atividade privilegiada do cenário educativo. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 62 A identidade das instituições é sempre um conjunto de traços que combinam invariância e transformação, conservação e inovação, tradição e novidade É nesse se dar que um saber se constrói Sublimação, identidade e projeto conjugam, na educação e em nossas instituições, a passagem da gramática do singular à gramática do plural. Nos corpos teóricos, nas nossas práticas como educadores, ambos conceitos remetem à ordem de uma dinâmica que se defende de toda cristalização. A identidade das instituições é sempre um conjunto de traços que combinam invariância e transformação, conservação e inovação, tradição e novidade. Essa combinação nos salva da melancolia de toda nostalgia e nos protege de uma amnésia que impeça nossa filiação. Preservando-nos da reprodução do idêntico, da repetição do mesmo, protege-nos também dos efeitos davastadores das fantasias de autoengendramento. As identidades, assim como os projetos, definem-se dinamicamente, relacionando-se num campo tensional entre o “já dado” e o “ainda por vir”. É nesse lugar que se definem os traços de cada estabelecimento, outorgando-lhes perfil próprio, características específicas, reinterpretando mandatos instituídos, reescrevendo a história no projeto de um futuro e, como todos sabemos, facilitando-o ou ocasionalmente impedindo-o. É também nesse “se dar” que as lógicas dos atores os tingirão com seus matizes, articulando-se para complementá-los e enriquecê-los ou estabelecerão obstáculos para levá-los a cabo. É nesse “se dar” que um saber se constrói, saber sobre a instituição, saber sobre os saberes, saber sobre os andaimes teóricos12 que nos oferecem elementos para dar conta do que acontece. Talvez seja necessário destacar que entendemos que a identidade nos seres humanos, em seus agrupamentos e instituições escapa às regras da lógica13. Sublimación, identidad y proyecto conjugan, en educación y en nuestras instituciones, el pasaje de la gramática de lo singular a la gramática de lo plural. En los cuerpos teóricos, en nuestras prácticas como educadores, ambos conceptos remiten al orden de una dinámica que se defiende de toda cristalización. La identidad de las instituciones es siempre un conjunto de rasgos que combinan invariancia y cambio, conservación e innovación, tradición y novedad. Esa combinatoria nos salva de la melancolía de toda nostalgia y nos protege de una amnesia que impida nuestra filiación. Preservándonos de la reproducción de lo idéntico, de la repetición de lo mismo, nos protege también de los efectos desbastadores de las fantasias de autoengendramiento. Las identidades, como los proyectos, se definen dinámicamente como lo dándose en un campo tensional entre lo “ya dado” y lo “aún por-venir”. Es en ese hacer / hacerse que se despliegan los rasgos de cada establecimiento, otorgándoles perfil propio, características específicas, reinterpretando mandatos fundacionales, reinscribiendo la historia en el diseño de un futuro y como todos sabemos, facilitándolo u ocasionalmente impidiéndolo. Es también en ese “dándose” que las lógicas de los actores los teñirán con sus matices, se articularán para complementarlos y enriquecerlos o se instituirán en obstáculos para llevarlos a cabo. Es en ese “dándose” que un saber se construye, saber sobre la institución, sober sobre los saberes, saber sobre los andamiajes teóricos12 que nos ofrecen elementos para dar cuenta de lo que ocurre. Quizás sea necesario destacar que entendemos que la identidad en los humanos, en sus agrupaciones e instituciones escapa a las reglas de la lógica13. 63 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A identidade é o que permite nomear e sermos nomeados ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 A filiação social é o trabalho do genoma cultural ○ ○ La identidad, en los sujetos y en las instituciones, no es imagen especular, no es clonaje, no es copia ni fotocopia, no es la detención del tiempo en un modelo que lo atrape, es la manera de trabajar el transcurso del tiempo, su devenir mismo, son los modos en que se elabora su dinámica, sus movimientos sus cambios, es la forma de combinar y recombinar sus identificaciones. Es también el modo en el que el tiempo “trabaja” en la institución. La identidad es lo que permite nombrar y nombrarnos. Nos incluye de hecho en una historia familiar, en la que nos inscribe al mismo tiempo hace de nosotros, sujetos de palabra, sujetos sociales, pero también por la palabra nos ofrece la posibilidad de que nos inscribamos en otras filiaciones. No se trata solo de la adhesión o pertenencia optativa a instituciones, partidos, grupos, teorías, se trata de la construcción de una filiación simbólica por la cual podemos reconocernos discipulos de los maestros. La filiación de sangre es la traza del genoma humano. La afiliación social (una de las facetas de la filiación sinmbólica), que nos hace socius es el trabajo del genoma cultural14 (J. Brunner). La filiación simbólica da cuenta de la manera en que nos inscribimos reconeciéndonos no solo por descendencia sino por identificación, es decir, por un proceso por el cual un sujeto asimila un aspecto, un atributo de otro y se transforma sabre su modelo15. Filiación simbólica, algo que excede a la determinación genética, que incluye y desborda lo familiar, lo que atraviesa distintas generaciones creando al mismo tiempo la continuidad y la ruptura, abriendo la posibilidad de la semejanza sin anular la diferencia. ○ A identidade, nos sujeitos e nas instituições, não é imagem especular, não é clonagem, não é copia nem xerox, não é parar no tempo num modelo envolvente; é a maneira de trabalhar o transcurso do tempo; seu próprio devir mesmo; são os modos nos quais se elabora sua dinâmica, seus movimentos, suas trocas; é a forma de combinar e recombinar suas identificações. É também o modo no qual o tempo “trabalha” na instituição. A identidade é o que permite nomear e sermos nomeados. É ela que no inclui, de fato, numa história familiar na qual nos inscreve e que, ao mesmo tempo, faz de nós sujeitos de palavra, sujeitos sociais. Porém, também pela palavra nos oferece a possibilidade de que nos inscrevamos em outras filiações. Não se trata só da adesão ou integração optativa a instituições, partidos, grupos, teorias, mas da construção de uma filiação simbólica pela qual podemos nos reconhecer discípulos dos mestres. A filiação de sangue é o traçado do genoma humano. A filiação social (uma das facetas da filiação simbólica), que nos faz socius é o trabalho do genoma cultural 14 . (J. Brunner). A filiação simbólica dá conta da maneira em que nos inscrevemos reconhecendo-nos, não só pela descendência mas também pela identificação. Ou seja, por um processo pelo qual um sujeito assimila um aspecto, um atributo de outro e se transforma sobre seu modelo 15. Filiação simbólica, algo que excede à determinação genética, que inclui e desborda o familiar, o que atravessa distintas gerações criando ao mesmo tempo a continuidade e a ruptura, abrindo a possibilidade da semelhança sem anular a diferença. ○ Semelhança e alteridade são dois conceitos associados pela elaboração da identidade Es esa posibilidad de la semejanza, que no es reclamo de coincidencia punto a punto, lo que hace habitable lo social. Semejanza y alteridad son dos conceptos asociados por la elaboración de la identidad. “... é oferecer à criança uma possibilidade de ‘fazer seus passos nos passos de seu pai’, de fazer seus passos seguindo as marcas que o tempo apaga” Hassoun. Op. cit., pág. 169. “...es ofrecer al niño una posibilidad de ‘hacer sus pasos en los pasos de su padre’, de hacer sus pasos siguiendo las huellas que el tiempo borra’’ Hassoun. Op. Cit., pág. 169. Mistura o trabalho de construção e elaboração da identidade sempre abre a possibilidade de incorporar a diferença, vinculada a alteridade sem a qual não se constrói; compõe-se de uma multidão de identificações parciais, que podem por sua vez resignificar cada tanto ou permanecer quase inalteráveis. “A identidade não é uma peça de museu tranqüila na vitrine”, afirma um escritor16, assim proposta a questão, a identidade deixa de confundir-se com “o dado” para passar a ser o nome de um trabalho psíquico e social de construção da cultura. A definição da cultura que adotamos é a que nos propõe, num antigo trabalho, um grande mestre, que afirmava em 1927 que a mesma continha: Mezcla entre más de lo mismo y opción, el trabajo de construcción y elaboración de la identidad siempre abre la posibilidad de incorporar la diferencia, vinculada a la alteridad sin la cual no se construye, se compone de una multitud de identificaciones parciales, que pueden a su vez resignificarse cada tanto o permanecer casi inalterables. “La identidad no es una pieza de museo quietecita en la vitrina” afirma un escritor16 así planteada la cuestión la identidad deja de confundirse con “lo dado” para pasar a ser el nombre de un trabajo psíquico y social de construcción de la cultura. La definición de cultura que adoptamos es la que nos propone, en un viejo trabajo, un gran maestro, quien afirmaba en 1927 que la misma abarcaba: “... todo o saber e o poder fazer que os homens adquiriram para governar as forças da natureza e arrancar-lhes bens que satisfazem suas necessidades ;... todas as normas necessárias para regular os vínculos recíprocos, entre os homens...” S. Freud17 “... todo el aber y el poder hacer que los hombres han adquirido para gobernar a las fuerzas de la naturaleza y arrancarles bienes que satisfagan sus necesidades;... todas las normas necesarias para regular los vínculos recíprocos entre los hombres...” S. Freud17. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 64 É essa possibilidade da semelhança, que não é reclamação de coincidência ponto a ponto, o que faz habitável o social. Semelhança e alteridade são dois conceitos associados pela elaboração da identidade. 1 1 ○ NOTAS 65 ○ NOTAS O saber fazer e as normas necessárias para regular os vínculos recíprocos ○ Los tres elementos mencionados por Freud: el saber, el saber hacer y las normas necesarias para regular los vínculos recíprocos, remiten necesariamente en la escucha de todo educador a la problemática pedagógica que se encuentra alojada en el desafío de cada proyecto. ○ O três elementos mencionados por Freud: o saber; o saber fazer e as normas necessárias para regular os vínculos recíprocos, remetem necessariamente na escuta de todo educador à problemática pedagógica que se encontra localizada no desafio de cada projeto. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ Los contrabandistas de la memoria. Ed. De la flor, 1996, pág.168. 2 Decidimos presentar este trabajo con un registro coloquial, propio al encuentro. Lo aquí escrito será la base de la conferencia, en la misma ampliaremos y desarrollaremos este esquema. 3 Particularmente a Margarita Poggi y a Mario A. Giannoni con quienes venimos trabajando hace ya muchos años intentando construir un saber sobre las instituciones educativas. 4 Entendemos desconstrucción en la concepción de J. Derrida: “más de una lengua” 5 Síntesis extraídas de Frigerio , G. Poggi, M: El análisis de la institución educativa. Hilos para tejer proyectos Buenos Aires, Ed. Santillana, 1996, cap. 1, pág. 21 a 24. 6 Acerca de “saber a sabiendas”, Frigerio, G.: “Cara a cara”en De aquí y de allá, Buenos Aires, Ed. Kapelusz, 1995, cap. 1. 7 Tomamos aquí la noción de “contrato” que en distintos trabajos (desde Frigerio, Poggi y otros Cara y ceca, Troquel, Buenos Aires, 1992) hemos significado pedagógicamente. 8 Retomamos aquí las nociones de Pierre Legendre, particularmente sus Leçons (III y VI), Fayard 1994 y 1992. 9 Remitimos proceso global de institucionalización de la sociedad, tal como C. Castoriadis lo conceptualiza. ○ Los contrabandistas de la memoria. Ed. de la flor, 1996. Pág.168 2 Decidimos apresentar este trabalho como um registro coloquial, próprio ao encontro. O que está aqui escrito será a base da conferência, e a partir desta, ampliaremos e desenvolveremos este esquema. 3 Particularmente a Margarita Poggi e a Mario A. Giannoni com quem estamos trabalhando há muitos anos tentando construir um saber sobre as instituições educativas. 4 Entendemos desconstrução na concepção de J. Derrida: “mas de una lengua”. 5 Síntese tirada de Frigerio, G., Poggi, M. El análisis de la institución educativa. Hilos pra tejer proyectos. Buenos Aires, Ed. Santillana, 1996, cap.1, pág.21 a 24. 6 Acerca de ‘saber a sabiendas’, Frigerio, G. “Cara a cara’ in De aquí y de allá. Buenos Aires, Ed. Kapelusz, 1995, cap.1. 7 Tomamos aqui a noção de ‘contrato’ que em distintos trabalhos (desde Frigerio, Poggi e outros Cara y ceca, Troquel, Buenos Aires, 1992) temos significado pedagogicamente 8 Retomamos aqui as noções de Pierre Legendree, particularmente suas Leçons (III e VI), Fayard 1994 e 1992. 9 Remetimos processo global de institucionalização da sociedade, tal como C. Castoriadis o conceitualiza. ○ ○ 10 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Revista do Cogeime nº 15 Dezembro / 99 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 66 Pierre Ansart. Los clínicos de las pasiones políticas, 1997, pág.8 11 De la horda al estado, intitula E. Enríquez o trabalho que dedica à compreensão da construção do social. Del bárbaro al escolar, intitula Laurence Cornu seu livro sobre a escola. 12 Tem sido também uma característica dos tempos e modas que têm sido usadas pelas teorias para violentar as práticas forçando-as a uma correspondência. Talvez seja necessário voltar a instalar uma interrogação mútua. 13 Um breve panorama da problemática a partir da perspectiva filosófica se encontra nas definições que oferece o dicionário de Ferrater Mora. 14 Sobre educação e gênoma cultural Frigerio, G. Curriculum presente – Ciencia ausente. Miño e Dávila, Buenos Aires, 1989. Cap.1. 15 Remitemos sobre esta noção ao Diccionario de Psicoanálisis de Laplanche e Pontalis. 16 A citação corresponde ao Libro de los Abrazos de Eduardo Galeano. 17 S. Freud, El porvenir de una ilusión 10 Pierre Ansart. Los clínicos de las pasiones políticas, 1997, pág. 8. 11 De la horda al estado titula E. Enriquez el trabajo que dedica a entender la construcción de lo social. Del bárbaro al escolar, titulará Laurence Cornu su libro sobre la escuela. 12 Ha sido también una característica de los tiempos y modas que las teorías han sido usadas para violentar las prácticas forzándolas a una correspondencia. Tal vez sea necesario volver a instalar una interrogación mutua. 13 Un breve panorama de la problemática desde la perspectiva filosófica se encuentra en las definiciones que ofrece el diccionario de Ferrater Mora. 14 Sobre educación y genoma cultural Frigerio, G. Curriculum presente – Ciencia ausente, Miño y Dávila, Buenos Aires, 1989. Cap. 1. 15 Remitimos sobre esta noción al Diccionario de Psicoanálisis de Lapanche y Pontalis. 16 La cita corresponde al Libro de los Abrazos de Eduardo Galeano. 17 S. Freud, El porvenir de una ilusión.
© Copyright 2024